n.54 |  12/Agosto/09

 
  ARTIGO DE OPINIÃO

Capital de Risco: "No passa...nada!!!"

Em 2000, quando escrevi o livro "Capital de Risco os tempos estao a mudar" introduzi o tema da importância da criação de um verdadeiro Ecossistema Empreendedor que permitisse, num futuro próximo, ao nosso País, dar o salto qualitativo necessário à sua convergência real com os países mais evoluídos da UE.

Este facto não deve ser entendido como presunção, mas apenas serve para referir que os temas do Capital de Risco e da Inovação há muitos anos que são discutidos a nível universitário, político e social, mas sem que sejam assumidos, verdadeiramente, pelos lideres do nosso país.

A comprovar esta evidência, a actividade de Capital de Risco (CR), nos últimos três anos, de acordo com as estatísticas divulgadas pela APCRI, tem menosprezado o financiamento de novos projectos, especialmente os que se encontram na fase de arranque (seed capital).

De facto, apenas um projecto foi financiado, em 2007, nenhum, em 2008, e, no primeiro trimestre de 2009, igual performance se verificou.

Deduz-se, assim, que os estágios iniciais têm sido os parentes pobres da actividade de financiamento dos projectos empresariais parecendo, este facto, tanto mais absurdo quanto as suas necessidades sao claras e a sua importância decisiva para a revitalização da nossa economia.

Todos compreendemos que os operadores de CR tendem a abster-se de investirem em projectos iniciais de forte conteúdo tecnológico ou de novos conceitos, devido aos riscos serem altos e o período de investimento ser relativamente longo.

Empreendedores durante a apresentação dos seus projectos no último Venture Capital IT com o objectivo de atrair o interesse dos investidores presentes.

Porém a Indústria de CR também é compromisso de longo prazo e partilha de riscos pelo que deverá, necessariamente, ter como uma das suas mais importantes responsabilidades proporcionar condições para que os empreendedores portugueses (jovens ou não) possam levar a cabo os seus projectos, uma vez que é do mais alto interesse nacional a criação de novas empresas.

Contudo, o silêncio com que este assunto tem sido tratado provoca-me o máximo de inquietação uma vez que se não conseguimos ter condições para investir em empresas inovadoras, nem preparação para assumir os correspondentes riscos, então, dificilmente, poderemos ter esperança de voltar a ver Portugal a desempenhar um papel predominante na economia global.

Se assim for, ser um empreendedor que conseguiu criar uma start-up, em Portugal, continuará a ser um anátema, ou seja sinónimo de que ninguém se interessa por ele, lhe reconhece importância e proporciona contactos.

A criação de um Acordo "Seed Capital", no seio da Indústria de CR nacional, que encoraje e mobilize os seus membros a investir em projectos que ainda não possuem historial e em que a perspectiva do mercado é, muita das vezes, virtualmente desconhecida, torna-se crucial para conseguir que, a curto prazo,a inovação "descole", do nível em que se encontra, contribuindo assim para novos sucessos comerciais.

Paralelamente a este Acordo, teremos de conseguir motivar pessoas com funções empreendedoras e de gestao corporativa e, se possível, com Capital para que assumam, com verdadeira Paixão, os benefícios associados à existência de uma Cultura Empreendedora, a nível local e regional, e que ajudem a implementá-la com a determinação, persistência e criatividade com que, ao longo dos anos, desenvolveram as suas actividades empresariais.

Concluo, dizendo que o Capital de Risco, na sua dimensão, disponibilidade e visibilidade, bem pode ser considerado o “espelho” de um país, pelo que, se nada fizermos nesta actividade, rapidamente continuaremos a ser identificados como sendo provenientes de um país chamado Portugal...


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O Capital de Risco nacional continua, de acordo com as estatisticas disponibilizadas pela APCRI, a não ter o papel que dele se espera na nossa Economia. Continuam a ser confrangedores os números registados nas fases seed e start-up e nesse sentido proponho, um Acordo "Seed Capital" entre todos os Operadores de Capital de Risco por forma a criarem-se condições, a curto prazo, para ajudar a ultrapassar tal situação. Gostava de ter a sua opinião sobre o presente assunto e se possível que medidas sugeria que fossem reflectidas no citado Acordo.

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Francisco Banha, Presidente e CEO da Gesventure
 

 
 

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